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Caco Barcellos ministra palestra em Hortolândia no último dia do 1º Seminário de Inovação, Ciência e

No último dia 21, o jornalista, repórter e escritor Caco Barcellos esteve presente no terceiro e último dia do 1º Seminário de Inovação, Ciência e Tecnologia, realizado pela Prefeitura Municipal de Hortolândia, São Paulo, através da Secretaria de Educação, no auditório Arlete Afonso no UNASP (Centro Universitário Adventista de São Paulo), no Parque Ortolândia, reunindo cerca de 400 pessoas.


A educação do Brasil foi o principal foco da palestra. Foto: Diego Rocha.

O evento aconteceu dos dias 19 ao 21 deste mês, com o tema “O Mundo mudou. E a escola?” Buscando provocar, entre os educadores do município, um debate com o objetivo de trazer inovação para a sala de aula e novas formas de ensino da rede municipal, seguido por palestras a cada dia. No primeiro dia (19), o professor e escritor Gabriel Chalita relatou o tema “A tecnologia, o livro e a leitura”, estiveram presentes também como palestrantes, professores de diversas universidades.


Para encerrar o evento (21), o jornalista e escritor Caco Barcellos, da Rede Globo, ministrou a palestra com o tema “Comunicação e tecnologia: Desafios da educação na Era da informação”. Caco Barcellos que é repórter a 44 anos, diretor e também apresentador do Profissão Repórter, da Rede Globo, contou que veio de baixo. Filho de pais analfabetos, mas que sempre se importaram e zelaram pela sua educação. Sua mãe o ensinou a ler quando ainda era bem pequeno. Tem orgulho de dizer que uma das heranças que recebeu do pai, foi vergonha na cara. “Meu pai achava importante estudar, me sacudia dizendo: meu filho, vergonha na cara, vai estudar”, lembra o repórter. Explanou o quanto as experiências na infância, juventude, e também no trabalho como taxista aos 18 anos, foram importantes para o seu ingresso no jornalismo, trancando assim, a faculdade de engenharia que fazia, e mostrando a relevância que isso tem, de nunca ter vergonha de onde estamos e quem somos.

Durante a palestra, ele dividiu a plateia em dois grandes grupos, como forma de exemplificar a divisão econômica do Brasil entre as classes. Tendo um olhar amplo e tentando focar sempre o lado dos menos favorecidos, que são a maioria na sociedade, questionou a forma pela qual a imprensa nacional enfoca entre os extremos das classes sociais brasileiras, mencionando uma realidade de uma classe injusta, como a classe baixa. E usando como exemplo, o Profissão Repórter, que já tem 10 anos, relatando a importância de trabalhar com públicos esquecidos, mostrando a realidade entre os dois lados, fazendo sempre um balanço, contando a história de um senhor que morreu sem ao menos ter a chance de fazer uma seção de quimioterapia, estava na lista de espera a 8 meses, e acabou não resistindo, morrendo em frente a câmera de um dos jovens que trabalham ao seu lado.

Contou ainda que no Brasil existe uma “pequena Suíça” e uma “grande Etiópia”. “É meu dever de ofício mostrar a realidade da maioria, embora seja arriscado, sim”, afirma. Revelando que a questão de classe é ponto central no Brasil, e que a injustiça perdura, onde as leis são mais severas com os pobres, que ao cometer um pequeno delito é enquadrado, julgado, condenado pela justiça ou até morto pela polícia em determinados casos, mas que quando esses mesmos atos envolvem o outro lado (o dos ricos) essa mesma justiça ou polícia é mais branda.

Caco Barcellos também contou dos grandes cargos que já recusou, pois a sua paixão é ser repórter, estar em front, na rua, indo aonde os outros não vão. “Quando acordo, sempre pergunto: Quem vou conhecer? Qual será o meu destino?” Relatou. Disse que a importância do repórter é contar histórias, e a do educador estimular os alunos para um futuro, fazer com que eles questionem a sociedade, e usufruam de maneira consciente, este meio de comunicação que cresce a cada dia, a internet.

O repórter Caco Barcellos relembra histórias dos 10 anos de Profissão Repórter. Foto: Eliana Ferreira.

Em outro momento da palestra, ele dividiu como é realizada a seleção dos aprendizes jornalistas para trabalharem, não só no Profissão Repórter, mas em toda a Rede Globo. Disse que não utiliza como critério de seleção apenas o conhecimento em línguas, boas notas (acima de 8,5), a faculdade de origem ou qualidade no texto, mas principalmente a forma pela qual o candidato interpreta a realidade em sua volta. Com perguntas como: Qual o nome do filho de sua empregada doméstica? Qual o nome do motorista do ônibus que te leva até a universidade? Qual o nome da favela que você ainda não conhece, mas deveria conhecer?

No final da palestra, Caco Barcellos disse se sentir enojado com tamanha falta de humildade pelo caminho que segue a sociedade, ao relatar dois fatos: Um menino de rua que tentou entrar em um Shopping Center em São Paulo, em busca de comida e foi barrado pela segurança, onde, no mesmo local permite a entrada de cachorros. E um acontecimento num bairro nobre o qual fazia parte, onde foi barrado, por seus moradores de classe média alta, a construção de um metrô, para evitar o contato com outras classes sociais. Com isso, ao se despedir deixou um questionamento no ar, inerente tanto ao educador, comunicador ou ao jornalista: “Qual é a sua escolha: só se dar bem profissionalmente? Ser bem sucedido? Ganhar dinheiro? Ser repórter é ser alguém menos importante, alguém que vai mostrar a importância do outro, que vai usar a boca, os olhos, os ouvidos para ver a realidade e retratá-la. Por que pensar com a cabeça de coronel?", finalizou.


Contando uma história


Em entrevista para O Jornaleiro, Caco Barcellos, ao ser perguntado sobre o estudante como protagonista, disse que cada um deve deixar uma história a ser contada. “A gente (repórter) conta uma história com a expectativa que as pessoas assistam e façam uma reflexão sobre a realidade que a gente está vivendo", disse.

Ele estimula os jovens do Profissão Repórter a também estarem sempre a front, procurando as histórias que alguns esquecem de contar, e essas histórias são achadas nas ruas, por isso a importância de estar com os ouvidos sempre atentos. “A minha razão de viver e de trabalhar é retratar essa minha indignação, que acho que é a indignação de muita gente que tem vontade de se manifestar. A gente é muito atento aos acontecimentos da rua. A rua que impõe a nossa temática. Se a rua está exigindo, reclamando de uma determinada situação, a gente vai lá e mostra a situação que a rua está nos mostrando" completou.


O evento


O Secretário de Educação, Tecnologia e Ciência, Fernando Moraes, disse ao Jornaleiro a importância do evento. “A educação, historicamente, sempre foi pensada, e é cultural. Tem que pensar em escola, professor, sala de aula e estrutura física. O que a gente quer fazer, e devidamente com responsabilidade, é pensar a escola além disso também", disse.

O Secretário falou da importância que a escola tem para abrir oportunidade para o novo, mudando assim, forma de pensar, para que os alunos sejam instruídos a evolução. “Então esse seminário foi para legitimar uma nova reflexão que não da mais pra gente protelar, nós educadores e professores, que não só as redes sociais, a internet, essa nova geração, possua uma velocidade, pra gente trabalhar com conteúdos digitais. É importante que a gente tenha consciência que a educação é muito mais que estrutura física", finalizou.


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